Os jornais portugueses reconheceram, nesta quarta-feira, a superioridade espanhola na vitória de terça, por 1 a 0, resultado que eliminou Portugal da Copa do Mundo da África do Sul. Para os lusos, a culpa pela derrota pode ser dividida entre o atacante espanhol David Villa, autor do gol, e o treinador Carlos Queiroz, por sua tática excessivamente defensiva.
"Aventura africana termina nos pés de Villa e na estratégia de Queiroz" é a manchete do Público, que afirma que a seleção não soube explorar o fato de ter Cristiano Ronaldo, um dos melhores jogadores do mundo.
Contra a Espanha, aliás, o capitão "passou ao lado do jogo" e deixou a competição sem ser um elemento de grande valia, principalmente "contra a seleção do país onde trabalha". De acordo com o veículo, o atacante do Real Madrid foi um "exemplo de um jogador demasiadamente ansioso e que pretende jogar sozinho contra todo o mundo".
A estratégia escolhida por Queiroz, que havia falado que seu time iria ao ataque e assumiria riscos, só foi capaz de incomodar o goleiro Casillas em alguns poucos momentos.
"A falta de risco e o fracasso individual de alguns jogadores (Simão, Ronaldo, Danny) conduziram a equipa portuguesa a uma derrota inevitável frente a um adversário com melhor futebol nos pés", reconheceu o jornal, que acrescentou que Portugal "não se entendeu com as marcações no meio-campo espanhol" e foi incapaz para contra-atacar, deixando o torneio "sem vergonha, mas também sem brilho".
O diário A Bola, com a manchete "lágrimas, desespero e polêmica", destacou a atuação do goleiro Eduardo - o único a ter recebido bastante elogio de toda a imprensa local -, dizendo que o arqueiro evitou talvez uma goleada. Mas nem mesmo o desempenho do camisa 1 foi suficiente para manter a seleção no Mundial, e "a caravela dos navegadores portugueses naufragou...", publicou o jornal. "Portugal volta para casa sem história, sem glória e sem surpresa", acrescentou.
"O Cabo, que já foi da Boa Esperança, voltou a ser das Tormentas", escreveu, referindo-se ao primeiro nome de um dos locais mais extremos do país da Copa, ponto que une os oceanos Índico e Atlântico, batizado pelo navegador Bartolomeu Dias em 1488.
O jornal O Jogo afirmou que Portugal fez um bom primeiro tempo, sabendo se defender com precisão e até ameaçando o rival em algumas oportunidades, mas não conseguiu manter a consistência na segunda etapa, como aconteceu "em quase todos os jogos deste Mundial".
Cristiano Ronaldo, isolado na frente, não contou com a sua "capacidade para ser decisivo".
As mudanças de Queiroz também foram criticadas. Para o periódico, a substituição de Hugo Almeida por Danny tirou de campo o melhor jogador do ataque, já que Simão estava "apático" e o capitão Ronaldo estava em "uma noite desastrada" - na verdade, quem esteve em campo ontem era "um sósia do verdadeiro", disse o diário português.
O jornal Diário de Notícias concordou, dizendo que o técnico fez essa alteração porque não tem ambição. Por sua parte, o esportivo Record afirmou que "não existia um plano B, e sem Cristiano Ronaldo era difícil", enquanto se perguntou se o esquema da seleção limita o jogo do capitão ou se é o jogador que não está em seu melhor momento.
TERRA