Além de discutir a situação de Ricardo Teixeira no comando da CBF, a Assembleia Geral realizada na última quarta-feira, no Rio de Janeiro, debateu também possíveis alterações no estatuto da entidade.Três alterações foram debatidas oficialmente: a proibição de contribuições financeiras para campanhas políticas, a antecipação da divulgação dos candidatos de seis meses para um ano e o veto àqueles que têm cargo em federações de ter um também na CBF. Uma quarta alteração foi ventilada por alguns presidentes - mas gerou polêmica: limitar a dois mandatos o exercício da presidência da entidade. Nesse caso, o mandato máximo de um presidente seria de oito anos (dois mandatos de quatro).
A discussão do fim da reeleição gerou discórdia. O presidente da Federação Pernambucana, Evandro Carvalho, disse que o tema foi proposto mas não aprovado:
- Isso precisa de uma ratificação posterior.
Nos bastidores, alguns dirigentes disseram que que o limite à reeleição foi debatido. Outros negaram veementemente.
- Isso é muito importante e só deve ser discutido oficialmente na próxima assembleia - disse um presidente, que preferiu se manter anônimo.
- Isso não foi discutido em momento algum - disse Marco Polo del Nero, presidente da Federação de São Paulo.
O pernambucano Carvalho chegou a dizer que as outras mudanças já foram aprovadas:
- Todos os presidentes já chegaram à assembleia sabendo das mudanças. Claro que elas foram expostas novamente aos presidentes, para detalhar as alterações, explicar as mudanças propostas e fazer pequenos ajustes. Tudo foi votado e aprovado por unanimidade. A reforma no estatuto da CBF é uma proposta dele (Ricardo Teixeira). O mérito é dele. A assembleia analisou e fez algumas alterações técnicas, mas insignificantes – disse Carvalho.
O dirigente afirmou ainda que a tendência é que Ricardo Teixeira peça mesmo licença do cargo de presidente para cuidar da saúde. Em algumas federações, esse assunto é tratado como certo, porque teria sido “negociado” na Assembleia Geral.
- Ele fará alguns exames e certamente fará um tratamento menor. Assim, o vice (José Maria Marin) assume normalmente e em 2014 haverá eleição – falou Carvalho.
Marco Polo Del Nero, da Federação Paulista de Futebol confirmou o veto às doações para campanhas politicas e a mudança no prazo para apresentar os candidatos da eleição.
- No caso das contribuições para campanhas políticas, nós precisamos nos adequar à legislação vigente e isso vai estar no estatuto. Quanto ao prazo de um ano para antecipar a eleição, isso é comum em outras federações e será também na CBF – declarou o mandatário do futebol paulista.
O presidente da Federação Gaúcha, Francisco Novelletto, segue a mesma linha de Del Nero. Segundo ele, o limite à reeleição não foi assunto:.
- Em relação a uma eleição, a única coisa alterada foi essa antecipação para um ano antes do prazo, o que para mim não muda em nada – falou Novelletto.
Há uma nova Assembleia Geral da CBF planejada para abril. Francisco Cezário de Oliveira, presidente da Federação de Mato Grosso do Sul, foi o mais enfático ao falar sobre a reeleição. E afirma preferir o sistema atual, em que o presidente pode ser reeleger quantas vezes quiser. Tanto que Ricardo Teixeira está no poder da CBF há mais de 20 anos.
- É uma entidade privada, a pessoa pode tentar se reeleger tantas vezes quanto quiser – falou Cezário de Oliveira.
Já André Pitta, da Federação Goiana, parece ter sido pego de surpresa com as possíveis alterações no estatuto da CBF.
- É a primeira vez que ouço falar sobre estas mudanças. Pode ter sido sugestão de algum dirigente, mas eu não fiquei sabendo.
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