Alguns "objetos não-identificados" como o atirado em Muricy Ramalho na partida contra o Cerro Porteño, no Paraguai, não são novidade na história do futebol sul-americano e nem na do próprio Peixe. Nas partidas em que a rivalidade acirrada extrapola os limites do bom comportamento da torcida, são comuns casos de objetos atirados no gramado e que colocam a segurança dos profissionais do futebol em risco. E a criatividade vai longe...
Desde os mais comuns chinelos, radinhos de pilha e moedas, até os mais esdrúxulos como cabeça de porco e até um carrinho de pipoca... Nada parece impossível para uma torcida insatisfeita com o rendimento do time ou com ódio de algum jogador. Se Muricy já sofreu com "pedrada" que o atingiu na noite desta quarta-feira, poderia ter sido ainda pior: em 2007, uma privada foi atirada dentro do campo da Vila Belmiro.
Confira o levantamento realizado pelo LANCENET!, e relembre alguns mais marcantes casos parecidos ao ocorrido em Assunção (PAR) e os objetos mais estranhos atirados pelas torcidas dentro de campo:
A "fogueteira do Maracanã" (Roberto Rojas - 1989)
Na partida entre Brasil e Chile, válida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 1990, em setembro de 1989, um sinalizador luminoso atirado no gramado do Maracanã transformou-se no caso mais simbólico de objetos jogados no campo. O goleiro chileno na ocasião, Roberto Rojas, apesar de não ter sido atingido, caiu no gramado e fingiu estar ferido. Com uma lâmina guardada na luva, teria até se cortado para aumentar o "realismo" da lesão. A partida, claro, foi paralisada e encerrada com o placar de 1 a 0 favorável à Seleção Brasileira - que precisava somente de um empate para classificar.
O caso desencadeou uma investigação na Fifa, que decretou vitória brasileira por 2 a 0 e baniu Rojas do futebol. A autoria do lançamento do rojão foi atribuída a Rosenery Mello do Nascimento Barcelos da Silva, que ficou conhecida como a "fogueteira do Maracanã" e lhe trouxe fama mundial. Ela ficou tão famosa que até posou para a Playboy, naquele mesmo ano.
Carrinho de mão no Azulão (2004)
Nas oitavas de final da Libertadores de 2004, São Caetano e América-MEX disputavam uma vaga nas quartas da competição continental (o Azulão seria eliminado na fase seguinte, contra o Boca Juniors-ARG). Em uma partida marcada pela arbitragem polêmica, o São Caetano conseguiu e vaga e comemorou muito, em plena casa do adversário. Os mexicanos não levaram na esportiva e uma briga campal começou. Para piorar, a torcida decidiu "participar" atirando objetos no gramado. O mais esdrúxulo deles: um carrinho de mão, que quase virou arma para os atletas.
Pipoca gaúcha (2004)
Uma das rivalidades mais acirradas no Brasil, um clássico Gre-Nal também entra para a lista dos objetos mais estranhos atirados pela torcida. Revoltados pela derrota sofrida em casa, no Olímpico, contra o grande rival, a torcida gremista destruiu um carrinho de pipoca e atirou os pedaços no gramado. Para piorar a revolta, o Grêmio fazia péssima campanha e já estava ameaçado pelo rebaixado - o que acabou realmente acontecendo.
Porco em campo (2002)
Após aceitar uma proposta de € 60 milhões e transferir-se do Barcelona-ESP ao Real Madrid-ESP, em 2000, o português Luis Figo teve de aguentar as consequências. Na segunda visita do craque ao Camp Nou depois de "virar a casaca", a torcida do time catalão jogou no gramado uma cabeça de porco, que significa traição. O episódio ficou tão conhecido que a cabeça do animal virou até peça de exposição.
Privada voadora na Vila (2007)
No Paulistão de 2007, São Paulo e Santos faziam boas campanhas e eram favoritos para se enfrentarem na final. O confronto entre os dois clubes, válido pela 13ª rodada do Paulistão de 2007, no entanto, ficou marcado mais por um incidente do que pelo empate por 1 a 1. Na ocasião, a PM teve muito trabalho para conter os conflitos entre as torcidas, incitadas por um suposto erro da bandeira Ana Paula de Oliveira. Entre os objetos atirados no gramado estava até uma privada. Sob os pedidos de punição dos são-paulinos, o presidente santista na época declarou que o tumulto começou quando uma das uniformizadas do Tricolor entrou no estádio atrasada, e que a privada teria saído da área ocupada pela torcida adversária.
Radinho de Felipão (2010)
No jogo de ida da semifinais da Copa Sul-Americana do ano passado, entre Palmeiras e Goiás, o técnico Luiz Felipe Scolari foi atingido por um rádio de pilha no Serra Dourada. O treinador dava entrevista à beira do vestiário, quando o objeto o acertou de raspão na cabeça. Felipão ainda deixou o campo vibrando e sinalizando para a torcida goiana. A revolta da torcida se deu por causa do gol do time goiano anulado aos 47 minutos da segunda etapa e a vitória palmeirense, por 1 a 0.
LANCENET