quinta-feira, 5 de julho de 2012

Favelado e sem medo, Emerson mostra os dentes


À prova de pressão, atacante volta a ser decisivo em dia que até mordeu jogador do Boca para garantir título da Libertadores
Emerson comemora: Sheik decidiu e tirou o grito da garganta da Fiel / Nelson Almeida/AFPEmerson comemora: Sheik decidiu e tirou o grito da garganta da FielNelson Almeida/AFP
O atacante, que já havia sido decisivo na semifinal contra o Santos, sabe bem o que é marcar em finais. No Brasileirão de 2010, Sheik fez o gol do título do Flu na última rodada, contra o Guarani, quando o maior rival do Tricolor naquele havia sido justamente o Timão.

“Eu gosto desses jogos decisivos, fico à vontade”, disse o atacante após a final contra o Boca.

À prova de pressão, o “favelado” Emerson, como o próprio gosta de dizer, mostrou que não teme cara feia nem catimba, e encarou o Boca Juniors sem medo. Bateu cabeça com o abusado Erviti na Bombonera e avisou: se preparem para o Pacaembu. Em casa, o Sheik, que hoje ostenta uma vida bem diferente dos tempos de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, transformou a vida dos zagueiros do Boca em um inferno. E decidiu quando a Fiel precisou dele. Nesta quarta, foi substituído aos 46 do segundo tempo só para ser ovacionado pela torcida – e xingado pelo xeneizes.

“Nasci e fui criado em um lugar muito simples. Vi coisas que muitos de vocês (jornalistas) não viram. E perguntaram se eu sentia a pressão de jogar na Bombonera... Pressão é deitar na cama e ficar com medo de uma bala perdida atingir seu rosto, seu peito. Jogar em um estádio lotado, com bola nova e gramado bom é privilégio”, garante Sheik, que ainda protagonizou várias cenas de uma certa “catimba brasileira”.

Em uma delas, Emerson foi flagrado pelas câmeras de TV mordendo o dedo de Carruzzo após disputa de bola. Se Sheik teve vida dura diante da marcação boquense, mesmo com os dois gols, também não deixou barato para os defensores.

Com esse estilo brigador, Emerson ganhou um Brasileiro em um campeonato que teve que brigar pela titularidade. Conquistou a preferência de Tite e um lugar entre os titulares. Recusou uma proposta milionária para voltar ao futebol árabe, onde fez história. Preferiu a emoção da Fiel ao calor abrasador do Oriente Médio, e comemorou o terceiro brasileiro seguido (ganhou em 2009 pelo Flamengo).

Agora, Emerson chega ao topo da América, mas ainda não é o ponto máximo da carreira. No fim do ano, Sheik pode marcar ainda mais seu nome na história do Corinthians, na disputa do Mundial de Clubes. A sede, o Japão, ele conhece bem, depois de cinco anos no futebol nipônico. E a rotina de gols decisivos pode continuar. Até lá, Sheik terá 34 anos. Mas deve correr como um garoto, aquele dos tempos de favelado.

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