sexta-feira, 5 de março de 2010
Primeira tragédia na Fonte Nova completa 39 anos
A Fonte Nova, um dos ícones do futebol baiano, comemorou ontem 39 anos da sua reinauguração. Aparentemente festiva, a data marca principalmente a primeira grande tragédia da história do Octávio Mangabeira.
Inaugurado em 28 de janeiro de 1951, o estádio não havia atingido sua capacidade máxima. As primeiras décadas do estádio foram majestosas, mas nada comparado ao que aconteceria a partir de 4 de março de 1971. A Fonte Nova passou por uma grande ampliação e recebeu seu anel superior.
Em toda a cidade de Salvador, o assunto do momento era a reinauguração do estádio. Casa cheia, com público oficial de 94.972 pagantes. Segundo informações extra-oficiais, mais de 112 mil pessoas lotavam a arena, que tinha torcedores até nas marquises. No gramado, o Esporte Clube Bahia jogaria a primeira partida contra o Flamengo, e o Vitória faria a segunda contra o Grêmio de Porto Alegre.
Durante o primeiro jogo, o clima era de festa. Zé Eduardo levantou a multidão tricolor, marcando o gol que daria a vitória ao Bahia, com o placar de 1 a 0. Neste momento, as arquibancadas balançaram, mas ninguém se incomodou.
À noite, a bola voltou a rolar com Vitória e o Grêmio. No meio do segundo tempo, o placar ainda em 0 a 0, o que era para ser uma festa se transformou em uma das grandes tragédias do futebol brasileiro.
“Um refletor pipocou. E alguém gritou: ‘A Fonte Nova está caindo’. O pânico foi geral. Correria. Gente pulando de cima para baixo. Poeira, pisoteio, confusão e pânico”, conta o historiador Antônio Risério no livro “Uma história da cidade da Bahia”.
Muitos torcedores se jogaram de uma altura equivalente a um prédio de quatro andares, outros quebraram os alambrados e invadiram o campo, com o temor de desabamento. Não se sabe ao certo o número de mortos e feridos.
“A Tarde”, um dos poucos jornais a divulgar estes dados, publicou no dia seguinte reportagem especial que apontava 2.086 feridos e dois mortos. “Nem todos os casos atendidos pelo HPS foram registrados, em vista da balbúrdia reinante. Na porta do ambulatório do Hospital, soldados da Polícia Militar vedavam a passagem de jornalistas”, dizia a reportagem.
Em meio a um ambiente marcado pela ditadura, a divulgação de um acidente destas proporções prejudicaria a imagem do presidente e do governador.
Passados 39 anos, as arquibancadas da Fonte Nova, em sua forma original, não balançam mais. O gigante de concreto, como foi chamado por muitos, espera silenciosamente a confirmação do anúncio: ‘A Fonte Nova vai cair’. Mas desta vez, de forma coordenada e orientada por técnicos especializados em demolição.
Nos próximos dias – espera-se que no máximo até 3 de maio, novo prazo estabelecido pela Fida – o estádio da década de 50 deixará de existir. Será completamente demolido para dar lugar a um novo complexo esportivo multiuso, moderno e sintonizado com as exigências do esporte mais popular do mundo.
Em 2013, surgirá um novo palco para estrelas mundiais brilharem durante a Copa das Confederações e a esperada Copa do Mundo de 2014.
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