Um ídolo de alcance mundial, surgido quase que repentinamente em uma equipe pequena e que morreu no auge de sua carreira, com transmissão ao vivo pela TV para todo o planeta. Todos os elementos de um filme estão presentes na carreira de Ayrton Senna, mas somente agora, 16 anos após a sua morte, o tricampeão estreará nas telas de cinema.
Sob a direção do inglês Asif Kapadia, "Senna, o brasileiro, o heroi, o campeão" estreia na sexta-feira, dia 12 de novembro, em circuito nacional, com exibição em mais de 120 salas por todo o país. Trata-se de um projeto antigo, que por pouco não foi tocado por Antonio Banderas logo após a filmagem de "Evita", em 1995, com orçamento de US$ 100 milhões.
"A ideia foi boa, mas aí o Banderas foi para os Estados Unidos e até pela própria cultura norte-americana, que não está próxima à Fórmula 1, acabou não refletindo o Ayrton. Ficou aquela coisa comercial e a gente não concordava", comentou Viviane Senna, irmã do piloto e fundadora do Instituto Ayrton Senna, que chegou a deixar escapar uma lágrima durante a entrevista coletiva de apresentação do filme. "É muito emocionante", admite.
Apesar de ser um documentário, "Senna" é totalmente livre de entrevistas em primeiro plano. Nomes como o da própria Viviane, assim como o jornalista Reginaldo Leme e o ex-médico da Fórmula 1, Sid Watkins, grande amigo pessoal do piloto, deram depoimentos, mas eles são utilizados como uma narrativa feita com cenas de arquivo, muitas delas cedidas pelo chefão da categoria, Bernie Ecclestone, que pela primeira vez permitiu o acesso de uma equipe ao seu vasto material.
"Praticamente moramos naquele arquivo durante três semanas", brincou o roteirista Manish Pandey, que selecionou cerca de uma hora e 40 minutos de imagens entre as cinco mil que tinha à disposição, incluindo arquivo pessoal cedido pela família do piloto. "Há coisas que até quem conhecia bem o Ayrton nunca tinha visto", garante.
De fato, o filme é recheado de interessantes cenas de bastidores, como os briefings dos pilotos antes das provas e a vida de Senna nos boxes, como o pedido para que o pai não o abraçasse tão forte após a vitória no GP do Brasil de 1991, sua primeira em casa - o esforço de conduzir o carro só com a sexta marcha pelas últimas voltas quase o fez desmaiar após a prova, ocasionando fortes dores no pescoço e nos ombros. Até cenas de Xuxa e Adriane Galisteu aparecem.
Permeado por momentos históricos da carreira do tricampeão, como os GPs de Mônaco-1984, Portugal-1985 e Japão-1988, o filme só se esquece de um deles: Donington Park-1993, quando Ayrton ultrapassou nada menos que quatro rivais debaixo de forte chuva e antes de completar o primeiro giro, naquela que até hoje é considerada "a melhor primeira volta da história".
GAZETA ESPORTIVA
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