quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Em palestra, Dunga expõe mágoas e disseca nova Seleção


O técnico Dunga teve uma hora para falar sem interrupções, ajudado pelo seu auxiliar Jorginho, na palestra intitulada 'Preparação da Seleção para a Copa do Mundo '. Sem questionamentos e consequente direcionamento de assuntos, o treinador consumiu boa parte do tempo falando sobre temas que o incomodam desde que assumiu a Seleção Brasileira: a relação com a imprensa e o desconforto com as críticas ao tetracampeonato de 1994.


- As pessoas gostam de criticar, mas não gostam de sofrer críticas. As perguntas são sempre as mesmas. 'O jogador não está comprometido, os jogadores não sabem o que você quer...' Não posso ficar calado vendo as pessoas dizendo coisas erradas. Tenho que esclarecer algumas coisas. Aceito críticas, mas não palavras pejorativas - disse.

- Temos que colocar a necessidade da Seleção acima de tudo. Não posso permitir que um jogador dê entrevista à 1h da manhã ou mude a rotina porque um repórter chegou atrasado - continuou.

Tetracampeão em 1994, Dunga exaltou a sua geração com um slide no PowerPoint listando todas as conquistas desde o Sul-Americano de 1983. A intenção era reforçar a sua visão de que é importante contar com jogadores que desde cedo vestem a camisa da Seleção, mas o treinador não perdeu a oportunidade de atacar quem critica aquela conquista.


- Falam que nossa geração não era boa, não tinha qualidade. Ninguém vence se não tiver qualidade. Cada país tem suas características. Trabalhei um ano como comentarista na Alemanha . Não posso querer que a Alemanha jogue como o Brasil , mas dentro das características deles há qualidade - explicou.

- Nossa geração foi a primeira a ganhar um Mundial em 83, foi a primeira a ganhar medalha olímpica em 84, e em seguida medalha olímpica. Nós ganhamos a Copa América depois de 40 anos. Ganhamos a Copa do Mundo depois de 24 anos, em seguida fomos vice-campeões. Ainda ganhamos a primeira Copa das Confederações e primeira copa América fora do Brasil . Não tem como falar que não somos vencedores - completou.

Sobre o trabalho que realiza à frente da Seleção, Dunga disse que só aceitou porque lhe foram garantidos comunicação direta com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira , autonomia e o aval para comandar a renovação.

Neste último item, Dunga explicou que deu prioridade a jogadores que já tinham passado pela categoria de base da Seleção. - Quer queira quer não, ter um passado na Seleção ajuda. Por isso, fizemos uma lista de jogadores com essa característica para dar chances , observar e integrar a base que já estava montada - afirmou.

A partir de então, Dunga disse que ficou firmado o compromisso de formar uma Seleção que cobrisse a necessidade, e não a vontade os outros. A palavra de ordem passou a ser "comprometimento", que é citada com frequência a cada entrevista de Dunga. - Para jogar na Seleção, não é mais uma questão só de técnica, mas também de muito comprometimento - enfatizou.

Segundo Dunga, o objetivo foi concluído. Hoje, não é preciso mais cobrar comprometimento e os próprios jogadores querem mais. - Os jogadores vieram nos pedir para que no ano que vem a gente faça mais amistosos . Isso mostra que a lenda que criaram sobre o jogador não ser ligado à Seleção Brasileira não existe mais - disse.

Dessa forma, Dunga tem a convicção de que caminha para completar a preparação ideal para a Copa do Mundo de 2010 . Um grupo comprometido e renovado ele já tem. Agora basta saber se o futebol corresponderá às expectativas na África do Sul.

REPORTAGEM: ESPBR

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