Ser e ter. Palavras que se diferem por apenas uma letra, separadas por um abismo de significado e que resumem bem a vida de uma paulistana de 34 anos. Ana Paula Oliveira tem fama, beleza e um dos recordes de venda da revista Playboy, com 334.277 exemplares. Mas ela prefere ser. Foi a primeira mulher a participar de uma final de Campeonato Paulista, em 2003 – repetiu o feito mais duas vezes. De uma decisão de Copa do Brasil, em 2006. É a primeira brasileira eleita árbitra revelação dos Jogos Olímpicos, em Atenas-2004. Isso sem contar Libertadores, Sul-Americana...
Diante de um currículo invejável para muito marmanjo, ela pode se dar ao luxo de abandonar um sonho para ser o que sempre quis. Ainda com lenha para queimar, Ana Paula até tem condições de voltar ao futebol profissional, mas enche a boca para dizer: é a mais nova aposentada do mundo da bola.
Filiada ao quadro de árbitros da Federação Paulista de Futebol (FPF) até dezembro deste ano, a bandeirinha mais famosa do Brasil guardou por muito tempo o sonho de representar o país na Copa do Mundo de 2014. Mas hoje, como tantos outros atacantes flagrados por ela em quase uma década de carreira, está impedida de realizar o desejo. Apesar de manter a paixão pelo esporte, sua cabeça agora está em outro lugar. Lugares...
A ex-bandeirinha tem várias ocupações. Virou estudante – cursa pós-graduação em jornalismo esportivo na PUC-Campinas e será aluna especial da Unicamp em breve; comentarista – participa de um programa de esportes em uma televisão de Belo Horizonte; empresária – possui uma agência de comunicação e trabalha como editora de uma revista digital de esportes. Ou seja: futebol segue na veia da garota criada entre Sumaré e Hortolândia e que deu os primeiros passos da carreira aos 14 anos. Mas não mais na lateral do campo.
– Para mim, chega. Aposento-me oficialmente este ano. Não quero mais. Eu poderia voltar. A Federação Paulista me deu todas as condições possíveis para voltar. Mas não basta voltar, tem que saber que você será aproveitada, que não passará por boicote. E hoje não tenho essa segurança. Tenho 34 anos e, se eu demorar muito para me decidir, não vou ter tempo de me fixar em outra profissão, de amadurecer como jornalista. Para ser assistente, precisa de tempo de estudo, de aprendizado, de prática. Se eu demorar nesta decisão, não vou ter tempo para crescer.
GLOBO ESPORTE
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